sábado, agosto 22, 2009

O Não-Golo

Estava um locutor, um comentador e um repórter a cobrir uma partida de futebol nocturna.
Quando menos se esperava, um cruzamento da esquerda, alguns malabarismos junto ao segundo poste, um mergulho em vão, uma perna e umas costas, um índio feito maluco lá na grande área e… está lá dentro.
Atravessou a linha de golo.
Encostou-se às redes.
O árbitro apontou para o centro do terreno. E não era um árbitro qualquer, era o vilão do Martins dos Santos.
Festejos e protestos.

Ao bom relato exige-se, no mínimo, que se diga de forma perceptível “GOLO” quando, de facto, é golo.
Como foi o caso.
Quanto mais não seja para os invisuais e amblíopes poderem imaginar o lance em questão com um nível de rigor aceitável.
Mas o locutor engasgou-se com a palavra, atordoado que estava a tentar discernir uma falta, um marcador, uma coisa qualquer. Naquele momento, cravar uma faca no coração equivalia a dizer “GOLO”. Era demasiado atroz que aquilo pudesse ter sido um. E meteu conversa com o repórter, procurando aliviar o seu pesar.
O repórter estava a pesquisar um dado estatístico rebuscado para se sair no próximo canto. Aquele incidente estragou-lhe os planos. Não viu bem o que quer que aquilo foi. Mas não estragou a onda e avançou com um nome, tentando discernir aquelas silhuetas ululantes lá na área. Também não foi capaz de dizer “GOLO”. Ora essa. O comentador interveio.
O comentador sabe que aconteceu alguma coisa, feito por alguém, mas não disse ao certo o quê. Houve um último toque para qualquer coisa e que foi Bermudez quem fez aquilo, mesmo sem intenção. Manteve-se seguro como quem diz “contem comigo, rapazes, eu já os conheço a todos de ginjeira, a bem dizer eu fui o único de nós que andou lá dentro, tenham juízo”.

Enfim, o máximo que conseguiram no meio de tanta estupefacção foi um fugaz “GOLO”, que salvou a sua vida fugindo por entre os dentes de Rui Loura. Queriam gajos a morrer ao microfone, exclamando "GOLO!" como se não houvesse amanhã? Queriam Benfica TV? Esqueçam, estes tipos jogaram pelo seguro e deram-nos com um banho de expressões sinónimas.
Queremos acreditar que foi por respeito ao futebol bem jogado: um golo daqueles é tão caricato que nem deve merecer honras de golo. Quanto muito, é apenas “uma bola que entrou na baliza”.
Foi uma… coisa, pronto. Mas não foi uma… coisa qualquer: esta… coisa foi a única… coisa que o Bermudez… coisou enquanto por cá andou. É um belo cartão de visita.

8 comentários:

A Bola Indígena disse...

Todos sabemos que o Rui Loura sempre teve aquela tendência azul, mas prontes.. deixem lá o homem coisar a coisa como ele sabe. Já agora 1 abç ao Fitzx que considero como um Herman josé(na década de 80 e 90) dos blogues !

Anónimo disse...

O gajo diz "golo" no segundo 38.

Abraço

Rodrigues disse...

É verdade. Só Deus sabe o quanto lhe custou deixar escapar essas quatro letras por entre os dentes...

Anónimo disse...

é verdade, o cromo deixa escapar um tímido "golo" entredentes. de seguida, deve ter ido escovar a língua com um ralador de queijo.
muito bom, o vídeo. :)

@Dezito: um bem-haja.em breve regressarei às lides.entretanto, o Rodrigues anda a fazer de carregador de piano com aveludado toque de "10". Um deleite ;)

Chutes too veia disse...

um dos gajos disse "golo" ali no meio

Anónimo disse...

Bem visto, Villar. Ainda ninguém tinha aludido a isso nos comentários anteriores:p

Rodrigues disse...

Como há mesmo esse "golo" fugidio ao segundo 38, refiz o post (incluindo o vídeo) para torná-lo mais adequado.

Foi um bom esforço, Rui Loura.

Anónimo disse...

O sr. rui loura, tal como a sua esposa... apresentadora de tv (publica) são ambos lagartos do 5 costados... palavra de vizinho de Esgueira...
Mas também nunca o esconderam.... não tem mal nenhum pode muito bem ser do sporting e comentar jogos do porto, não perde o profissionalismo.

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